13 de abril de 2013

MIA COUTO e VISTA ALEGRE, por ADRIANA LACERDA

A querida ADRIANA LACERDA, que já nos prestigiou com dois post aqui no 40 FOREVER, volta hoje com mais um dos seus interessantíssimos relatos!

AC

 

 

Conheci na minha recente viagem à Maputo, capital de Moçambique, uma peça Vista Alegre que realmente chamou minha atenção.

A empresa portuguesa, referência em porcelana, está nas refeições e decoração de quem aprecia uma mesa bem posta e uma casa elegante (e claro, nas listas de presentes de muitos noivos).

Por sinal, já viram a nova coleção da Vista Alegre com Christian Lacroix?

O vaso de porcelana da Vista Alegre que tanto gostei em Maputo faz parte da coleção limitada chamada 1+1=1. Esta (in)equação prestigia diversas artes em uma coleção só. São os grandes nomes da pintura, ilustração e literatura que são celebrados.

O vaso é da Vista Alegre, a pintura é do artista moçambicano Chichorro, conhecido por suas pinturas e ilustrações vivas, emblemáticas do país e ele vem com o livro “Mar me Quer” de Mia Couto, publicado em 1998, um dos mais contemplados do autor.

Além de considerado um dos escritores africanos mais importantes, Mia Couto é o escritor moçambicano mais traduzido. Suas obras são verdadeiras poesias, com o talento de escrever na língua portuguesa com narrativa africana e uma sensibilidade única. 

Esta é uma poesia marcante de Mia Couto:

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço

“Raiz de Orvalho e Outros Poemas”

 

O vaso “Mar me Quer” é a segunda peça coleção 1+1=1 de edição limitada que conta com apenas 1.000 peças exclusivas.

A primeira foi o vaso “Filho de Mil Homens” também batizado pelo livro homônimo do escritor e artista plástico Valter Hugo Mãe (angolano, radicado em Portugal). Este é outra obra prima da literatura. A ilustração da peça é de João Vaz de Carvalho.

Para ambas peças, os escritores foram quem escolheram os pintores/ilustradores que melhor interpretam suas palavras em forma visual.

A loja da Vista Alegre de Maputo foi inaugurado em março de 2013.

O vaso em Portugal custa 170,00 €    

 

Para outros posts de ADRIANA LACERDA no 40 FOREVER, clique AQUI e AQUI!

 

Vista Alegre
Av. 24 de Julho,1550, 1º andar, Loja 1F
Maputo, Moçambique

Loja do Chiado – Largo do Chiado, 20/23
Lisboa, Portugal
+351 21 346 1401
www.vistaalegreatlantis.com

Adriana Lacerda é viciada em viajar, foodie curiosa, exploradora incansável e leitora voraz. Os relatos de sua passagem por mais de 40 países estão no seu blog Escapismo Genuíno: http://www.escapismogenuino.com.br.

 Nós, do 40 FOREVER, adoramos quando ela nos visita!!

AC

 

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POROROCA FASHION: ENCONTRO DA ARTE COM A MODA!

 

A diva linda e competente, Charlotte Olympia, com um exemplar exclusivérrimo da  “Capsule Collection”!

 

Passo hoje o teclado para Isabel, filha, que vai nos contar sobre um assunto que nós amamos: arte e moda. Principalmente, quando acontece uma “pororoca fashion”, isto é, o encontro apoteótico das duas.

A inspiração veio por conta da SP Arte 2013, que tomou de assalto as conversas por toda a semana que passou. Sigam com Isabel TM! BN

ISABEL TM:
Quando fiz 5 anos de idade, minha adorada tia Ruthinha Magalhães me perguntou o que eu gostaria de ganhar de aniversário… Com certeza, esperava algo do tipo: uma boneca, uma fantasia, um livro, um filme, um bichinho de pelúcia…

Mal sabia ela, que eu a colocaria numa “missão impossivel “… Sem fazer a menor cerimônia, disse que queria um sapato de salto, mas que tinha que ser de “gente grande”, portanto beeeeeemmm alto…
Não me perguntem como, mas ela conseguiu! Altíssimo, chiquérrimo, tooodo forrado de tecido azul-marinho, o mais incrível: era o meu número!

Esse foi o meu primeiro Valissére, quero dizer, minha estréia no salto alto: eu nunca me esquecerei dele! Thanks tia querida 🙂

Desde então, a minha paixão por sapato so foi crescendo… Considero muitos designers de hoje, verdadeiros artistas e amo ficar explorando suas incríveis criações ou melhor, verdadeiras “esculturas”… São muitos os nomes de talentos que marcarão, para sempre, a história da moda…

 

Porém, entre tantos gênios, existe uma que me conquistou como ninguém…

Trata-se da incrível Charlotte Olympia! Muitos conhecem o seu trabalho, que se destaca por ser sempre criativo e inovador e temas abordados hiper bem representados em seus lindos e detalhados sapatos ou bolsas!

 

Um por um, eles foram pintados: luxo dos luxos!

E justo eu, que acompanho suas novidades, levei um susto quando vi que deixei passar a sua “Capsule Collection”, exclusiva para a última “Art Basel de Miami”…

Charlotte desenvolveu seis modelos de sapatos, inspirados em grandes nomes da Arte do século 20: Picasso, Mondrian, Van Gogh, Hodgkin, Pollock e Litchenstein. Usando como base o seu tradicional Dolly, foram todos pintados à mão e vendidos, com exclusividade, na Newman Marcus de Miami.
Para os que, como eu, estão em ” delay “, vale a pena conferir”. Beijos da Isabel TM

 

Inspiração Picasso!

 

Inspirado em Pollock!

 

Inspirado em “Starry Night”, de Van Gogh!

 

Inspirado em Hodgkin!

 

Inspirado em Mondrian!

 

Inspirado em Litchenstein!

 

PS: Estou até agora imaginando qual deles eu escolheria… Nem com uni, duni, tê!!! BN

 

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DINO TRAPPETTI ENTRE ROMA E RIO

BATE PAPO COM O GRANDE DINO TRAPPETTI

Passei uma manhã deliciosa com Dino Trappetti em seu apart em Ipanema. Um bate papo que me fez voltar ao túnel do tempo de uma época gloriosa do cinema italiano, de um mundo charmoso que está acabando e que graças a Deus eu tive a sorte de conhecer um pouco, de personagens que fizeram uma época, que foram inesquecíveis e que serão eternos…

Adorei o cinzeiro do seu atelier.

Dino mostrando uns croquis de vestidos.

Dino conheceu Umberto Tirelli quando tinha apenas 20 anos, eles viveram juntos por 30 anos. Umberto foi um grande mestre na criação de figurinos, foi um ávido colecionador de roupas antigas, ele não se limitou a recolher roupas históricas, mas sempre tentou revivê-las, tornando-as disponíveis para trabalhar o traje. Tirelli vestiu grandes atores deste mundo do cinema, como Sophia Lauren, Maria Callas, Claudia Cardinale, Alain Delon e vários outros grandes nomes da época…

Alain Delon e Claudia Cardinale no filme o Gatopardo.
Maria Callas sempre vestida por Tirelli.

 Eles moravam em Roma e a escapada dos dois durante estes anos foi em Capri (que bom gosto) onde tinham uma casa em frente ao lugar mais mágico de lá, os Faragliones. Foram anos de glória e convivência com os nomes mais famosos do cinema Europeu numa época em que o cinema Italiano era o melhor e contava com cineastas como Luchino Visconti e Fellini…

Os faragliones em Capri.

 Em 1981 Dino descobriu as maravilhas do Brasil, foi em uma época difícil, onde teve uma depressão e Umberto, por estar sem tempo para cuidar dele, o enviou ao Brasil com um amigo, ele, de imediato, se apaixonou pelo país e por todos os seus encantos, com isso sua depressão foi embora rapidinho!

 

Quando Tirelli ficou doente eles se mudaram para Paris e moraram lá por quase um ano, pois Umberto queria passar os últimos dias de sua vida perto de seus grandes amigos como Beatrice de Rothschild (que fez um jantar onde conheci Tirelli), Olimpia de Rothschild, Hubert de Givenchy, Philippe Venet, Yves Saint Laurent…

Dino viveu 38 anos em Capri, depois da morte de Umberto resolveu vender a propriedade e alugar casas pelo mundo como, por exemplo, em Ibiza. Ele ficou uns 10 anos sem vir ao Brasil, pois, depois que Umberto se foi, acabou sobrecarregado com tantas responsabilidades, inclusive o atelier Tirelli. Só voltou aqui em 2000 e realmente se encantou e acabou escolhendo o país para passar os períodos de inverno europeu. Comprou um apart hotel, que tem a vista mais linda da praia de Ipanema, onde fica instalado 2 meses por ano. Segundo vários amigos, já é super carioca.  uma comida divina italiana feita por Andrea onde o famoso “pesto ‘é a especialidade!

Vista de seu apê!

Ele nunca trabalhou diretamente com Tirelli, na época investiu um dinheiro para fundar o atelier e virou sócio, mas sua verdadeira função era fazer assessoria de imprensa. Era assessor de todo este “Grand Monde” do cinema como Luccino Visconti, Martin Scorsese, e, sem modéstia, era o melhor de todos!

Quando assumiu o atelier, Dino não entendia nada de roupas, pois Umberto nunca quis que trabalhassem juntos, por conta disso até pensou em vender, mas os funcionários da TIRELLI o impediram de fazer isso. Os artistas Piero Tosi, que foi o maior figurinista do mundo, Gabrielle Pessoti que nasceu na Tirelli e ganhou um Oscar pelo filme  “Idade da inocência” e Piero di Pizi não  o deixaram vender, com toda essa repercussão, Dino resolveu tentar. Ele seguiu administrando e seus grandes artistas criando…

Foi então que resolveu ir a LA, como já era um grande expert em relações publicas, cativou, facilmente, toda Hollywood para vir até a Tirelli. E acabou fazendo “Paciente Inglês”, dirigido por Anthony Minghella, que estrelou Ralph Fiennes. O figurino do filme “Os Miseráveis” foi todo alugado do TIRELLI, maravilhoso!

O Atelier TIRELLI aluga e fabrica roupas para filmes no mundo inteiro, são 170 mil trajes numa área de 5.000m2 a 15 km do centro de Roma. As roupas são catalogadas por época e por classe social, vão da Monarquia, Aristocracia, alta burguesia, burguesia, meia burguesia, pobre e miserável.  Eles alugam roupas para todos os grandes filmes mas continuam sonhando em trabalhar com a TV Globo.

MP

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