PAULO UCHOA O NOVO EMBAIXADOR NO CONGO

O Brasil tem novo Embaixador em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo: Paulo Uchoa, meu queridíssimo e sensacional amigo e um dos mais jovens Embaixadores de sua geração. Bem formado, competente, fluente em várias línguas ( inglês, francês, italiano, espanhol e pasmem japonês e árabe), Paulo é um diplomata completo, que transita muito bem nos círculos mais influentes do mundo como Paris, Nova York, Beirute, Rio de Janeiro e ainda por cima aceita desafios super perigosos.

Embaixador Paulo Uchoa pelo fotógrafo Henrique Gendre.

Trabalhou com Sergio Vieira de Mello, no Timor Leste, participou da missão de reabertura da nossa Embaixada em Bagdá e ajudou no resgate de milhares de brasileiros que fugiram da guerra no Líbano em 2006. Especialista em Japão e Oriente Médio, foi recentemente convidado pelo Chanceler Patriota para comandar a Embaixada do Brasil em um dos países mais importantes da África, continente que até então não conhecia. Não pensou duas vezes. Aceitou o desafio. Dias depois de sua chegada ao Congo, Paulo deu entrevista ao blog sobre sua vida no seu novo país de residência.

Vista do Gabinete do Embaixador para Avenida 30 de junho
Kinshala capital do Congo

MP: Conte-nos um pouco sobre o Congo.

PU: A República Democrática do Congo é o segundo maior país da África, com uma população estimada em 80 milhões de habitantes, sendo o quinto mais populoso do continente, com um enorme potencial agrícola e com significativas riquezas geológicas em seu subsolo.

MP: Quais foram suas primeiras impressões ao chegar a Kinshasa?

PU: À exceção do Egito, nunca havia estado na África antes. Não sabia exatamente o que esperar. Mesmo assim, cheguei com expetativas positivas ( característica típica de meu amigo). 24 horas depois da minha chegada, essas expectativas haviam sido todas superadas. Os congoleses com quem estive até o momento foram todos muito cordiais e, acompanhando tendência mundial, adoram o Brasil. Isso deverá facilitar o meu trabalho. Fui, também, muito bem acolhido pelos colegas e funcionários da Embaixada.

MP: E como é a capital? 

PU: Kinshasa é um enorme centro urbano que abriga um amplo espectro de realidades, algumas delas bastante complexas. A Residência e a Chancelaria da Embaixada do Brasil ficam ambas no bairro de Gombe, às margens do rio Congo, que concentra grande parte das Embaixadas e órgãos do Governo congolês. Nessa parte da cidade, as largas avenidas e as calçadas ajardinadas produzem um aspecto tropical agradável e fazem lembrar cidades como Belém e Manaus no norte do Brasil. Ha, também, hotéis, supermercados, restaurantes, farmácias e comércio em geral.

MP: Como é sua rotina de trabalho?

PU: Como cheguei há muito pouco tempo, ainda estou com uma rotina dominada pelas providências de instalação. Aguardo meu primeiro encontro com o Chanceler do País para, em seguida, ser recebido pelo Presidente da República, quando farei a entrega de minhas cartas credenciais. Essa cerimônia marcará o início oficial de minhas funções.

MP: Em que consiste o trabalho do Embaixador do Brasil em Kinshasa?

PU: Um Embaixador é um representante pessoal do Chefe de Estado do seu país perante o Chefe de Estado do país para o qual está designado. Atua dentro de parâmetros estabelecidos e instruções recebidas do Ministério das Relações Exteriores. Nesses termos, sou responsável por tratar, pelo lado brasileiro, dos aspectos multidisciplinares das relações bilaterais entre o Congo e o Brasil, que incluem relações politicas, comércio, cooperação, cultura, educação, ciência e tecnologia, para citar apenas algumas áreas de interesse. Acompanho, também, as atividades de manutenção e imposição de paz levadas a cabo por um contingente de 20 mil integrantes da Organização das Nações Unidas, a maior missão de paz em operação no mundo hoje.

MP: Em termos concretos, o que você pretende realizar durante seus anos como Embaixador em Kinshasa?

PU: Em primeiro lugar, pretendo dar continuidade ao trabalho de aprofundamento do diálogo politico entre os dois países desde a reabertura de nossa Embaixada em Kinshasa em 2004. Procurarei, também, identificar oportunidades que possam aumentar a presença comercial brasileira no Congo. Tenciono encontrar formas de mantermos e ampliarmos os programas de cooperação que já vimos implementando há alguns anos em áreas importantes para o desenvolvimento do Congo como saúde, educação e formação de servidores públicos. Gostaria de trazer mais cultura brasileira para o Congo e organizar algo em torno do futebol.

MP: Que interessante! Mas por que ouvimos, às vezes, noticias negativas com relação ao Congo no noticiário?

PU: No fim dos anos 90, infelizmente, o Congo passou por uma longa guerra civil que causou muitos danos ao país e à sua população. A paz foi instaurada no começo dos anos 2000 e nos últimos 10 anos houve muitos progressos em muitas áreas. Mesmo assim, situações de instabilidade ainda subsistem no leste do país, foco da maior parte das noticias negativas sobre o Congo na imprensa internacional. Há um grande esforço conjunto entre o Governo da RDC e a comunidade internacional, inclusive o Brasil, para que se resolvam esses problemas.

MP: Isso significa que algum risco para você?  

PU: Apesar da estabilidade que hoje prevalece em Kinshasa, quase todas as Embaixadas adotam procedimentos de segurança para garantir a proteção de suas instalações e de seus agentes diplomáticos. No caso da Embaixada do Brasil, contamos com uma estrutura de segurança coordenada por um grupo de militares do Exército brasileiro e por funcionários privados de segurança. Em meus deslocamentos sou acompanhado por uma equipe de segurança.

MP: E em termos pessoais, quais são seus planos?

PU: Nas próximas semanas e meses, pretendo descobrir mais a cidade, o país e a própria África. É um continente com uma cultura muito rica e com algumas das paisagens mais belas do mundo. Sem falar na riqueza da fauna e da flora. Antevejo que viverei anos muito interessantes, tanto pessoal, quanto profissionalmente.

Tenho certeza que as relações entre o Congo e o Brasil vão mudar para muito melhor depois da passagem de Paulo Uchoa por lá… MP

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