Apesar de passados quase dois anos, quis postar de novo esta exposição pois acho que ela fala, também, de um assunto que é caro a quem tem filhos: Vocação e realização profissional. Espero que gostem…
Vi, em dezembro de 2012, uma deslumbrante e monumental exposição do mestre Pablo Picasso, no Guggenheim de NYC.
Museu abaixo, por suas paredes em caracol, a mostra contou a história da arte do maravilhoso espanhol, passeando por suas diversas fases, com um porém: só valeram as obras monocromáticas. Era “Picasso Black and White”. De tão incrível, achei que por um bom tempo, o botão “pausa em Picasso” estava acionado.
Qual nada, a imaginação humana é infinita e os louváveis curadores não param de arrancar nossos suspiros… Assim, em maio de 2013, fiz um sério trato comigo mesma: nada está visto por antecipação. Porque titubeei em priorizar a exposição “Becoming Picasso: Paris 1901″, na intensa programação em uma viagem à Londres, pois achei que era chover no molhado… Fui salva pela insistência de minhas amigas e, de tudo que vi, foi a mais surpreendente!
Um século depois, “Becoming Picasso” teve o dom de me colocar diante de um menino de 19 anos, que engatinhava suas pinceladas na efervescente Paris da Belle Époque, “cidade Butantã”, repleta de cobras no pedaço, com seus talentos e desejo de vencer. Confesso que, por instantes, tive piedade de Pablo Picasso, no topo do mundo e sem rumo, copiando ídolos como Degas, Van Gogh e Toulouse Lautrec. Me lembrei do “espermatozoide manco”, de Woody Allen, e em todos os que sucumbiram…
Mas voltando aos vencedores, esta mostra teve o dom de fazer a síntese do deslanche da inspiração “picassiana”, que se deu em 1901, resumido-a em duas salas:
– A sala do meu surto de piedade continha a maioria dos quadros da primeira mostra do pintor espanhol, ocorrida em Paris, de 24 de junho a 14 de julho de 1901, e organizada pelo grande marchante, Ambroise Vollard. Para reunir material, Picasso fez uma espécie de imersão pictórica e produziu 64 obras, de uma tacada, em pouco mais de um mês. Típico de um jovem super confiante e de sua ego trip.
– A segunda sala expôs a abrupta guinada, na vida e obra do pintor, após o suicídio do amigo de seu peito, Carlos Casagemas. Assolado pela melancolia que a dor lhe causou, inaugura a deslumbrante “Fase Azul” e com ela um estilo próprio. É quando Pablo vira Picasso para nunca mais deixar de sê-lo, em sua brilhante e prolixa carreira. BN