maio 2015

O QUE É O BUDISMO TIBETANO?

 

Dalai Lama Tenzin Gyatso
Dalai Lama Tenzin Gyatso

Sempre tive muita curiosidade para saber um pouco mais sobre o Budismo e minha querida amiga Claudia Estrela Porto que é budista, e que entende muito do assunto,  me ajudou a fazer esta entrevista com Lama Trinlé, do Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso, (Na Tradição Oral, um Oceano de Benefícios), de Brasília.

Budismo Tibetano

No Brasil, estão representadas diferentes tradições do Budismo. Mesmo se
hoje em dia elas ainda são pouco numerosas, as estruturas que se desenvolvem
oferecem aos que o desejam a possibilidade de descobrir as riquezas desta
tradição viva, que pode nos mostrar os caminhos para nos ajudar a superar as
dificuldades do mundo moderno.

MP/CEP: Como nasceu o Budismo?

LT: Esta antiga tradição espiritual nasceu na Índia, cerca de 500 anos antes
da era cristã, a partir dos ensinamentos expostos por Siddharta Gautama, o
Buddha Shakyamuni (o sábio do clã dos Shakyas), durante 45 anos de sua vida.
Nascido em 560 AC, Siddharta viveu a vida luxuosa de um príncipe, nos
contrafortes do Himalaya, em Kapilavasthu, ao sul do atual Nepal, nas
planícies do Terai. Confrontado aos sofrimentos da vida humana – nascimento,
doença, velhice e morte – seguiu o exemplo de inúmeros mestres de seu tempo,
engajando-se numa busca espiritual para encontrar resposta às questões
fundamentais da existência humana. Aplicou-se nas disciplinas usuais da
época – ascese, ioga e contemplações. Tendo terminado a sua busca, atingiu o
Despertar em Bodhgaya ( foto abaixo) , na bacia do Ganges.

Expôs, pela primeira vez, o seu ensinamento, o Dharma, em Sarnath, perto de Benares, sob o tema das “Quatro Nobres Verdades”. Viajando pelo país, passou o resto da vida ensinando, para ajudar os que desejavam alcançar a mesma realização. Seus discípulos
passaram a constituir uma comunidade, a Sangha, composta de monges e leigos.
Após a sua morte, os discípulos asseguraram a continuidade da transmissão do
Buddhadharma (ensinamentos do Buddha), de um modo ininterrupto até os nossos
dias.

 

Bodhgaya, o lugar onde o Buddha atingiu o despertar (1)
Bodhgaya, o lugar onde o Buddha atingiu o despertar .

 

MP/CEP: Como se difundiu o Budismo?

LT: Nascido na bacia do Ganges, o Budismo se difundiu inicialmente pela
Índia e Sudeste Asiático. No século I, seguindo a rota da seda, alcançou a
China, e daí passou ao Japão, a partir do século VI. O Tibete recebeu a
herança do Budismo indiano entre os séculos VIII e XII. No século XII, o
Budismo desapareceu da Índia. Entretanto, permanece hoje em dia florescente
no Sri Lanka, na Tailândia, em Myanmar, Laos, Cambodja e Vietnã, cujas
populações são majoritariamente budistas. Já no século XIX, mas notadamente
a partir do século XX, o Budismo chegou ao Ocidente.
Tanto no Oriente quanto no Ocidente, embora tenha permanecido como o
ensinamento do próprio Buddha, o Budismo desenvolveu características
próprias em cada país, recebendo as influências da cultura local, com os
textos traduzidos na língua do país, e com as artes e vestimentas religiosas
adaptadas a cada contexto.
Hoje em dia, as correntes do Budismo se encontram praticamente em todos os
países do mundo, que são abertos e tolerantes.
Em particular, o Budismo Tibetano (também conhecido como Budismo Tântrico,
Vajrayana ou Veículo do Diamante) só se tornou verdadeiramente acessível ao
mundo ocidental há cerca de quarenta anos, a partir do êxodo de uma parte do
povo tibetano, que se dirigiu principalmente para o norte da Índia, após a
invasão chinesa. A redescoberta desta antiga civilização tibetana e de sua
tradição espiritual viva suscitou um grande interesse e a criação, em vários
países, de centros de estudo e meditação, primeiro na Europa, nos Estados
Unidos e no Canadá.

MP/CEP: O Budismo é uma religião ou uma filosofia?

LT: O Budismo é um método experimental de conhecimento e de transformação de
si. Os ensinamentos do Buddha não são ensinamentos meramente atraentes ou
agradáveis de ouvir, mas são capazes de resistir a uma análise racional.
Talvez seja essa a característica distintiva do Budismo em relação às demais
religiões. Todas as religiões apresentam um caminho para algum tipo durável
de felicidade, qualquer que seja o nome dado a essa felicidade, mas o
caminho ensinado pelo Buddha não depende, para sua autenticidade, apenas de
uma revelação ou de uma autoridade espiritual, nem é o resultado de um
estado de felicidade conferido por alguma divindade. A liberação (do
sofrimento), no Budismo, deriva, ao contrário, da remoção da ignorância, da
não compreensão do modo de funcionamento dos fenômenos. Além do aspecto
psicológico, de transformação do ser, o Budismo pode também ser considerado
sob um aspecto místico, visto que seu objetivo é igualmente o de uma
realização transcendente. Assim, embora o Budismo não seja uma religião, se
por religião compreendemos a aceitação, sob a base de uma crença, de um Deus
único que teria criado o mundo e que o dirige, há nele, sem dúvida,
numerosos aspectos religiosos impregnados de sentimentos de fé, de devoção,
que se exprimem nos rituais e nas diferentes criações artísticas, como
pinturas, esculturas, músicas e danças.

 

Estátua do Buddha Shakyamuni, o Buddha histórico (5)
Estátua do Buddha Shakyamuni, o Buddha históricoMP/CEP: O que é o mestre espiritual no Budismo?

MP/ CEP: O que é o mestre espiritual no budismo? 

LT: No Budismo, a noção de mestre espiritual e a maneira de a ele se
relacionar varia segundo as escolas. No Budismo Tibetano, por exemplo, o
mestre ocupa uma posição central. Na cultura tibetana, há dois tipos de
religiosos, os monges que receberam ordenação segundo o Vinaya (Compêndio da
Disciplina Monástica) e os iogues. O lama pode pertencer a qualquer das duas
categorias. Entretanto, ele só será considerado um “mestre vajra”, ou seja,
um mestre plenamente qualificado, um lama, quando preenche os seguintes
requisitos: ter grande compaixão, ter conhecimento teórico e prático do
tantra, ter feito um ou mais retiros de meditação com sinais de realização
espiritual, preservar a pureza da conduta ética e dos compromissos assumidos
em relação aos mestres e à escola a que pertence.
Recentemente, certos ocidentais, tendo seguido a mesma formação que os
mestres tibetanos, são igualmente chamados de “lamas”.

MP/CEP: Qual o papel do Dalai Lama no Budismo?

LT: Dalai Lama, Mestre Oceano (de Sabedoria) é o título dado às catorze
reencarnações, das quais algumas assumiram a tarefa de governar o Tibete
entre os séculos XVII e XX. Esse título foi dado a primeira vez por Altan
Khan, regente mongol, a Sonam Gyatso, o abade do mosteiro de Drepung
(1543-1588), que conseguiu converter os mongóis ao Budismo. As duas
encarnações precedentes de Sonam Gyatso, Guendun Drup (1391-1474) e Guendun
Gyatso (1475-1542), receberam o título de Dalai Lama e Sonam Gyatso, assim,
passou a ser o III Dalai Lama. Os Dalai Lama são considerados uma emanação
de Tchenrezi (Avalokiteshvara, em sânscrito), o Bodhisattva da Compaixão e
protetor do Tibete. O atual Dalai Lama, o XIV, Tenzin Gyatso, é
particularmente conhecido por seu papel eminente de chefe do povo tibetano e
por sua reconhecida atitude de bondade e não-violência, da qual ele é um
defensor incansável, apesar da tragédia vivida pelo seu povo, o que lhe
valeu o Prêmio Nobel da Paz em 1989.

MP/CEP: Há Deus no Budismo?

LT: O Budismo reconhece a existência de diversas categorias de seres,
humanos e não-humanos. Entretanto, considera que as condições de existência
dos diferentes seres, dentre os quais os deuses dos diversos mundos divinos,
não podem ser atribuídas de maneira arbitrária à vontade onipresente e
onipotente de uma divindade suprema, um Deus único, mas sim que resultam dos
diversos atos realizados por esses seres.
A ética do Budismo se funde sobre esta constatação, recomendando a
realização de atos positivos (proteger a vida, praticar a generosidade, ter
relações harmoniosas com o próximo, manter uma linguagem verdadeira e com
significado, desenvolver o contentamento, a benevolência e a compreensão),
que conduzirão a existências felizes, até mesmo em mundos divinos, ao
contrário de seu oposto.

MP/CEP: Há ioga no Budismo Tibetano?

LT: A disciplina espiritual propriamente dita utiliza os meios da meditação
e do ioga para alcançar uma realização atemporal, livre de qualquer
condicionamento, clareza inteligente e felicidade última. Isto corresponde
igualmente à natureza essencial de nossa mente quando esta é reconhecida na
contemplação. Esta realização não é, portanto, centrada em si, de maneira
egoísta, mas aberta aos outros, como expressão de amor e de compaixão. Cabe
dizer que, embora de origem indiana, as práticas iôguicas budistas diferem
daquelas usualmente conhecidas no Ocidente.

Buddha Shakyamuni - o Buddha histórico (7)
Buddha Shakyamuni – o Buddha histórico 

 

MP/CEP: Algumas divindades são representadas de forma sensual. Por quê?

LT: A tradição tibetana é particularmente rica e preserva todos os
diferentes aspectos do Budismo indiano em sua plena maturidade, como as
filosofias e as técnicas de ioga, e as provenientes dos tantras, com os seus
rituais elaborados, utilizando divindades com múltiplos aspectos, às vezes
terríveis, às vezes sensuais, ilustrando a integração e a sacralização de
todos os aspectos da vida. Em geral, as representações dos aspectos
masculinos e femininos dizem respeito à união da compaixão e da sabedoria,
os dois pontos essenciais de toda prática budista.

Acho que esta entrevista esclarece muitas duvidas que temos em relação ao budismo. Agradeço minha amiga por esta incrível ajuda !

OBS: As siglas MP e LT significam, respectivamente, Maria
Pia e Lama Trinlé e CEP Claudia Estrela Porto.

Texto feito em colaboração com Claudia Estrela Porto.

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A COLEÇÃO ARQUIVINHO DA EDITORA BEM-TE-VI É JÓIA EM FORMA DE LIVRO!

 

 

livros martha
Livros… Tem presente mais “viajante”?!

 

Pras nossas adoradas mães, principalmente em seu dia, queremos sempre a grande homenagem: uma jóia preciosa, a bolsa mais linda, o bouquet do Jeff Leathan… Mas este ano, resolvi fugir para mais longe, ao procurar um presente que enchesse os olhos e alma da minha diva. E foi uma alegria encontrar esta série de livros que conto abaixo pois preencheu os requisitos de minha exigência, com toda maestria.

Idealizada por Lélia Coelho Frota e dedicada a escritores brasileiros desaparecidos, a coleção “Arquivinho” é das mais bem concebidas em seu gênero, façanha da editora carioca Bem-Te-Vi. Traçando de maneira original e eficiente o retrato de quatro grandes artistas brasileiros, ela reuniu numa espécie de perfil informal, biografia, textos, documentos, depoimentos, fotos, DVDS, iconografia ou qualquer outra informação que ilustrasse a vida e personalidade do homenageado, tendo como grande mérito aproximar o leitor de seu ídolo, ao simplificar o acesso à sua obra. Em formato de caixa ou pasta, são quatro os ilustres “biografados”:

 

A
“Arquivinho” Vinicius de Moraes!

 

1- Vinícius de Moraes:
Sua pasta possui 18 ítens que vão de um caderno com poemas praticamente inéditos, da sua mocidade, CD de Miúcha cantando Vinícius, é claro, fotos, biografia e até um soneto manuscrito por Pablo Neruda, dedicado ao pontinha.

 

"Arquivinho" Helio Pellegrino!
“Arquivinho” Helio Pellegrino!

 

2- Helio Pellegrino:
Além de fac-símiles relativos à sua obra, sua caixa comporta 15 ítens com preciosidades como uma cronologia de sua vida feita pela neta Antonia, biografia por Paulo Roberto Pires, 8 poemas extraídos do “O Livro da Amiga”, que fez em homenagem à mulher Maria Urbana Guimarães, além da reprodução de uma pintura dela pelo grande Guignard.

 

Arquivinho Otto Lara Resende!
Arquivinho Otto Lara Resende!

 

3- Otto Lara Resende:
O talentoso mineiro mereceu caixa com 12 ítens que vão de textos seus sobre amigos, escritores, jornalistas à uma carta de 6 páginas,manuscritas, para Vinicius, passando por um espetacular DVD gravado com arquivos do Cedoc da TV Globo, onde Otto Lara entrevista as mais variadas personalidades.

 

Arquivinho Nelson Rodrigues.
Arquivinho Nelson Rodrigues.

 

4- Nelson Rodrigues:
O grande dramaturgo foi o último editado pela série, com pasta de 12 ítens coordenada por Cláudio Mello e Souza (focando especialmente a parte dramática da obra do “multifacetado” autor), sendo 11 deles peças gráficas, que incluem textos sobre o autor de Bárbara Heliodora, Arnaldo Jabor, Armando Nogueira, depoimento de Fernanda Montenegro sobre Nelson e DVD com depoimentos dele sobre vários assuntos.

O único problema foi que nem recorrendo ao “uni duni tê” consegui escolher… Assim minha mãe vai se esbaldar por um bom tempo! BN

 

 

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STONEHENGE, QUE VIAGEM!

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Nosso querido Luiz Carlos Sarlo nos conta e mostra a viagem super visual que fez!

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“Stonehenge, uma beleza de mistério”

Os antigos “megaliths”  de Stonehenge, Patrimônio Mundial da UNESCO, e Avebury, em seu silêncio metafórico de milhares de anos, falam claramente sobre as habilidades de engenharia, crenças e rituais misteriosos de quem os construiu.

O santuário de Stonehenge é um dos principais monumentos arquitetônicos construído por povos do Período Neolítico e da Idade do Bronze que habitavam as Chalklands do sul da Grã-Bretanha, quando os grupos humanos passaram a se sedentarizar e a praticar a agricultura, criando uma série de ferramentas com novos materiais e novas técnicas. Pelos estudos que são realizados sobre Stonehenge, percebe-se também que durante este período os conhecimentos sobre os fenômenos astronômicos estavam sendo desenvolvidos. Entretanto, a falta de documentação e vestígios arqueológicos mais claros impede um conhecimento aprofundado sobre as funções desempenhadas pelo santuário ao longo de sua existência, o que leva à criação de uma série de teorias e especulações sobre Stonehenge. O astrônomo inglês Fred Hoyle, um dos maiores especialistas do século XX em teorias sobre a origem do universo, defendeu a tese de que o monumento foi erguido como uma espécie de computador capaz de prever eclipses e outros fenômenos celestiais, concluindo que “o conhecimento astronômico desse povo deve ter nascido de muitos séculos de observação”. Outros especialistas enxergam as ruínas como vestígios de um grande templo religioso.

 

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Stonehenge começou a tomar forma por volta de 3000 A.C. como um banco de barro circular e uma vala adjacente. Foi aperfeiçoado ao longo de milhares de anos, primeiro com madeira e, mais tarde, com pedras. O círculo principal utiliza blocos pesando mais de 45 toneladas e elevando-se a até 7,3 metros de altura. Alguns foram transferidos 240 quilômetros a partir das Preseli Hills no País de Gales, e apenas uma sociedade sofisticada poderia ter realizado tal façanha.

O sítio do Patrimônio Mundial Stonehenge inclui muito mais do que o círculo icônico. A estrutura estende-se por 26,6 quilômetros quadrados e inclui avenidas, assentamentos, cerca de 350 cemitérios, possíveis centros de cura, e outros locais.

 

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Stonehenge pode ser o mais famoso e misterioso monumento megalítico pré-histórico do mundo. Seu charme é único e seus segredos dão ares infinitos à nossa imaginação.
Como Chegar a Stonehenge?

O paraíso está localizado a cerca de 16 quilômetros de Salisbury, que tem ligação direta a Londres via trens e ônibus da “National Rail”. Do centro da pequena cidade há várias opções “Sightseeing” que o levará ao local. Optei pelo passeio completo, com uma passada em Old Sarum, as curiosas ruínas de um palácio inglês e de uma imensa Catedral Inglesa.

Como Visitar?

Uma passarela rodeia o famoso círculo de Stonehenge, mas devido à conservação, não é mais possível chegar tão perto das pedras. No entanto, há compensações. A sensação é única!

 

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Quando visitar?

Quando fui era inverno no hemisfério norte e essa região torna-se ainda mais fria por ser um contryside quase intocado. Até as fotos ficam comprometidas pelas mãos trêmulas e congeladas do fotógrafo.

Stonehenge mantém horários regulares de visitação durante todo o ano, que podem ser facilmente encontrados online, mas não há nada nessa regularidade que impeça as observações do solstício de verão no local. Dezenas de milhares de hippies, druidas e aventureiros de todos os matizes migram para o lá para um festival anual estridente.

 

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Lcsarlo para o 40 FOREVER

 

AC

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