Oba, hoje é um daqueles domingos abençoados, em que recebemos a iluminada visita da nossa embaixadora no mundo das artes, a curadora Vanda Klabin. Desta vez, seu assunto vem de uma linda cidade portuguesa, o Porto. Vanda esteve por lá, de férias, e nos conta sobre sua maravilhosa “Casa da Música”. BN VANDA KLABIN: “Considerando-se o prédio como um volume sólido, do qual eliminamos as duas salas de concerto e todas as outras instalações públicas, criamos um bloco oco, que revela seu conteúdo, sem ser didático e, ao mesmo tempo, expõe a cidade. O prédio é ao mesmo tempo claro e misterioso – o diagrama torna-se uma aventura arquitetônica”, assim definiu o arquiteto Rem Koolhaas, ao conceituar sobre a sua obra. A cidade do Porto, que segundo o poeta Luís de Camões, deu origem ao nome de Portugal, fica situada às margens do rio Douro e a atividade comercial que mais contribuiu para o seu desenvolvimento foi a produção do famoso e tradicional Vinho do Porto . Em 2001, foi eleita a Capital Européia da Cultura e o seu centro histórico, hoje, é considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. A partir de então, a cidade passou por uma profunda requalificação urbana e vários edifícios de arquitetura moderna foram construídos. A Casa da Música foi o primeiro edifício construído para ser, exclusivamente, dedicado à música e concebida como parte integrante do projeto de renovação urbana e cultural da cidade do Porto. Através de um concurso internacional de arquitetura, a escolha recaiu sobre o arquiteto holandês Rem Koolhaas, que completou seus estudos em Londres e recebeu várias distinções importantes, como Pritzker Prize e o prêmio da União Européia Mies Van der Rohe, dos arquitetos britânicos. Essa escolha talvez tenha surpreendido os espíritos mais conservadores e, por ser um projeto um tanto ousado, foi objeto de ácidas polêmicas por parte dos portugueses. As escavações foram iniciadas em 1999 e sua inauguração foi em abril de 2005. No dizer do poeta português Fernando Pessoa: Primeiro estranha-se, depois entranha-se. O projeto arquitetônico foi concebido como uma sinfonia clássica, de linhas modernas, no formato de um poliedro irregular, uma linguagem simbólica de um diamante bruto. Construído em cimento branco, apresenta formas assimétricas em diversos planos, com 12 andares e graus esquinados nos seus ângulos. O conceito arquitetônico predominante é a transparência e apresenta colunas e vidros ondulantes como a música. A Casa da Música contempla uma grande diversidade de genêros musicais, concertos, grupos de pesquisa e ações educativas, cujo fio conductor é Saber, Ouvir, Fazer, Criar. A entrada principal tem 30 metros de pé direito, uma bela escadaria de alumínio escovado, tetos de vidro, passarelas suspensas e abriga a bilheteria, a loja, o centro de documentação, a fonoteca, a videoteca e a biblioteca.
A Sala Guilhermina Suggia, nome de um violoncelista portuense, é a principal, dotada de excepcionais condições de acústica e apresenta um belo jogo de luzes, proporcionado pelas amplas zonas envidraçadas. O material utilizado foi o pinho nórdico, trazido da Finlândia, ideal para tratamento acústico e as cadeiras têm um design e um revestimento de veludo visando a equilibrar o som, de modo que se a sala estiver repleta ou vazia, a cadeira simula uma pessoa sentada. O Pequeno Auditório é uma área polivalente, com capacidade para 300 lugares, caracterizada pelo uso da cor vermelha, como nos teatros barrocos italianos e sem cadeiras fixas. Possui uma infra-estrutura de som e luz pensada para servir às flexibilidades dos concertos programados e atividades educativas. A Sala Cibernética tem condições sonoras especiais para apresentar projetos musicais experimentais, multimídias e novas tecnologias. O teto, em pirâmide, cria condições acústicas ideiais para a música amplificada. O Foyer tem a particularidade de mostrar a cidade através de altas parede de vidros onduladas. A Sala Vip é um espaço multifuncional, vocacionado para ocasiões cerimoniais. O arquiteto presta homenagem à azulejaria portuguesa, através de reproduções de painéis originais que se encontram instalados em diferentes espaços museológicos de Portugal e da Holanda. O Terraço, no piso mais elevado do edifício, tem teto de vidro que abre para o céu e para a Rotunda da Boavista. O Restaurante, ao lado do terraço, tem um ambiente cromático – painéis de cores variadas e abriga também um bar e um café-concerto. É uma visita imprescindível para aqueles que estiverem de passagem pela cidade do Porto”. Vanda Klabin. VANDA MANGIA KLABIN
Tel: +55 (21) 2267-2662
Cel +55 (21) 9986.9256 vklabin@terra.com.br |
|