Hoje temos o privilégio e a honra de receber, de novo, a queridíssima Vanda Klabin, embaixatriz do BLOG no mundo das artes, pra nos contar novidades deste reino mais que encantado.
Para o meu particular deleite, e espero que pro de vocês também, o star da vez é um dos artistas brasileiros contemporâneos mais importantes, o “one and only” Antonio Dias. Vanda conta sobre a linda exposição de Dias, da qual ela foi curadora, que está na Galeria Athena Contemporânea, no Rio, até o final de outubro.
Imprimindo fotos sobre tela, a partir de originais de polaroide, o artista fez intervenções sobre a superfície das fotos impressas enquanto as revelava, no final dos anos 1980. Depois, digitalizou e o que veremos é o resultaldo, impactante, deste processo complicado e que me foi explicado pela comtetente Vanda. Leiam, vejam e curtam! BN
VANDA KLABIN:
” A obra de Antonio Dias, vasta e complexa, se desenvolve em um território de significações ambíguas, muitas vezes irônicas, repletas de inúmeras questões que permeiam os conceitos fundamentais do território plástico. Ao longo de décadas, ele trabalha com diversas linguagens artísticas, diferentes materiais e universos heterogêneos, em um ritmo flexível e intenso de expansão e experimentações: pinturas, gravuras, obras sobre papel, discos, desenhos, objetos, fotografia, cinema, videos e instalações sonoras.
Residiu em diversas cidades e estabeleceu diferentes ateliês, alguns permanentes, como no Rio de Janeiro, Milão, Paris e Colônia e outros transitórios, como no Nepal, Recife, Nova York e Berlim. Nesses deslocamentos constantes, estabeleceu pontos de contato com a produção local e a internacional e trouxe sempre à tona uma constelação de informações e referências dentro das quais sua obra se movimenta, sempre impulsionada pela necessidade irrequieta de explorar novos caminhos na sua produção.
A fotografia passou a integrar a sua obra como um elemento substantivo, adquiriu uma potencialidade, um vocabulário e um universo próprio, dentro do seu trabalho. Nesses trabalhos percebemos a reunião de dois recursos estéticos independentes: a captura do real, através de uma câmera polaroide, e a transferência para a tela, onde são estabelecidas equivalências poéticas através desse quase olhar da câmera, na passagem para a tela.
Nessa fronteira entre a pintura e a fotografia, a série de polaroides permite uma anotação rápida, um registro transitório e requer uma outra frequência que se prolonga ao romper as estruturas que a separam da pintura gestual, criando um mistura de linguagens que alimenta a pulsão do olhar.
A captura é o primeiro foco de atração: parecem guardar uma imediaticidade da experiência, reter o singular. Explora a idéia do efêmero como passageiro, transitório. Na iminência de uma dissolução, ganha uma presença permanente. A obra sai da câmera para uma imersão cromática e se consolida em um outro meios de expressão, originando trabalhos independentes e rematerializados um novo territórios geográfico. Francis Bacon mencionava que, para ele, as fotografias não são somente ponto de referências, muitas vezes elas são detonadoras de idéias.
Antonio Dias revela uma relação sensual com a matéria, dando aos seus trabalhos uma espessura significativa e um contorno impreciso e ambíguo, elementos que estão sempre presentes e que são os componentes constitutivos da sua poética: o lugar da arte e do artista, as associações entre texto e imagem, o uso da ironia como linguagem, as formas geométricas, as discussões sobre política, poder, sexo e sedução.
Nas suas palavras: “Todo trabalho deve ser inteligente, mas é importante, ao mesmo tempo, colapsar o entendimento. Todo trabalho bom, realmente inventivo, vai contra a lógica e a razão”. Antonio Dias, jornal O Globo,10 setembro de 1985.” VANDA KLBIN
OBS: Todas as fotos postadas são da exposição e têm a autoria de Eduardo Masini!
Cel +55 (21) 9986.9256
vklabin@terra.com.br
FICHA TÉCNICA:
GALERIA ATHENA CONTEMPORÂNEA:
Avenida Atlântica, 4240, lj 211 Copacabana, RJ