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Este post conta uma história linda de amor e paz, já que um não existe sem o outro.
Na minha semana musical, em Salzburg, vi apresentar-se o top da música clássica atual. Mas o espetáculo que mais me emocionou foi, sem a menor dúvida, a performance de uma jovem orquestra que talvez ainda não tenha a mais apurada técnica ou os maiores nomes. Mas isto é o de menos, em se tratando da WEST-EASTERN DIVAN ORCHESTRA.
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Saída do coração de um dos mais talentosos maestros em atividade, o maravilhoso “hermano” Daniel Barenboim, a DIVAN nasceu, do acaso, e tornou-se uma bandeira viva de fé e esperança. Tive o privilégio de assistir ao seu ensaio, pela manhã, e atuação à noite: que show vê-los, como num tubo de laboratório, agindo e interagindo, desenvoltura perfeita em torno do comando, quase paternal, de seu regente. Achei-me diante da mais verdadeira harmonia!
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Sua trajetória começa quando Weimar, cidade alemã e patrimônio da humanidade, foi escolhida, em 1999, como capital cultural da Europa e Barenboim tornou-se o curador das atividades musicais. Entre outras providências, criou um curso para jovens instrumentistas que quisessem aprender a atuar em orquestra. Surpreso com a enorme quantidade de árabes inscritos, pediu ajuda ao amigo Edward Said e juntou-os, com a mesma quantidade de aprendizes judeus, para formar um grupo musical impensável, até então. Este encontro, abençoado, proporcionou a convivência de moços e moças cujos destinos talvez jamais se cruzassem, nos intervalos dos ensaios, durante as refeições e na hora do lazer sendo que, o principal, foi fazê-los “encontrar um espaço onde fosse possível produzir HARMONIA“, como tão bem definiu meu guru, Rafael Fonseca.
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A experiência foi um tal sucesso que a orquestra tornou-se permanente e é uma emoção vê-los atuar: arrumada aos pares, há sempre um judeu sentado ao lado de um árabe, em equilíbrio numérico perfeito e emocional também: impossível não ser tocado pela vibração das notas e astral que eles emanam.
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A última barreira a ser transposta, no caminho deste grupo divino, foi a territorial. Como a geografia original era complicada, a cidade de Sevilha acolheu-os, oferecendo sede e passaporte espanhol para todos. Um final mais do que feliz, pra combinar com a tradição andaluz de incentivar e promover a tolerância religiosa, desde a época do reino de Granada, quando todos coabitaram em seu território, felizes e em paz.
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Volto a Rafael Fonseca, mestre que me introduziu ao culto da Divan e, não contente, ainda levou-me para ouví-la, dissertando sobre a palavra divã:
“Este nome é pleno em significados: primeiro, foi o título de uma coletânea (Divan) de poemas orientais reunidos por Goethe; divan também era como chamavam a “Sala do Conselho”, na época do império turco e, por uso, passaram a serem chamadas, assim, as salas das casas, em algumas regiões árabes. Daí o nome daquele sofá, que depois Freud adotou, em seu consultório. Era Baremboim colocando árabes e judeus no divã”. BN
LOOKS DOS MÚSICOS!
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O GRAN FINALE, QUE RESUME ESTA ÓPERA:
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